Guardar mágoas e ressentimentos contra nosso próximo é um mal comum à iniquidade
Não parece simples entender Jesus dizendo: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, nós não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios? Em teu nome não fizemos muitas maravilhas? Então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.” (Mat. 7:22-23).
Quão desastrosa é a iniquidade! Ela se nos apresenta dissimulada ao ponto de permitir que mesmo sendo portadores dela, sejamos capazes de realizar maravilhas tais como expulsar demônios. Isso se explica pelo fato de tal procedimento (expulsar demônios) não depender exclusivamente de nós. Todo o poder emana do nome de Jesus Cristo! Aliás, ele próprio nos advertiu dizendo: “Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e de iniquidade” (Mat.23:28).
Iniquidade está associada ao ato de sermos maus, injustos e perversos. Está no comportamento oponente à moral, à religião, à justiça e à igualdade. O iníquo transgride leis e normas morais e éticas sem ressentimento ou escrúpulos. Para melhor compreensão, penso importante saber que contrárias à iniquidade são a benevolência, a bondade e a justiça. Iniquidade, por nossa permissividade, se impregna ao DNA espiritual e pode ser transmitida às gerações futuras. Tanto que na edição dos 10 Mandamentos o senhor escreveu: “…sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos.(êxodo 20:5-6)
Li o livro, Raíz da Iniquidade, do pastor Ozenir Correia. Fomos contemporâneos no curso de Bacharel em Teologia no Seminário Teológico Batista do Espírito Santo (Setebes). Ele foi da primeira turma e eu da segunda. Recomendo a leitura da obra, que considero extraordinária. Fiquei entusiasmado com a preciosidade das informações que ele traz a respeito do assunto, posto que demonstra a intensa gravidade das iniquidades em nossa vida. Iniquidades geram indignação a Jesus Cristo, porque elas deturpam nossa conduta cristã.
O pastor Ozenir realça a iniquidade sobre três formas diferentes: 1 – Perversidade: não o ato do pecado, mas a perversidade do coração. A iniquidade se manifesta pela perversidade interior. 2 – Depravação: Ela vem do coração. Primeiro é interna e depois ela se manifesta do lado de fora. 3 – Injustiça ou Justiça Própria: Para Deus, nossa justiça é como trapo de imundícia (Is. 64.6). A iniquidade se manifesta também, e principalmente, pela injustiça, que provém de dentro.
Enviaram-me pelo WhatsApp uma postagem contando que um cavalo estava tentando fugir das amarras e Satanás o soltou. O animal invadiu a plantação do vizinho que enfurecido o matou. O dono do cavalo não gostou de ver a sua montaria morta e matou o vizinho. A viúva, deste vizinho, enfurecida, matou o dono do equino. A viúva deste matou a viúva daquele. Ao fim, ela acabou sendo morta pelos filhos da última viúva. Enfim, uma desastrosa sequência de mortes, por uma ardilosa ação de Satanás.
Satanás sabe bem da maldade latente que povoa nossos corações. Facilmente ele a fustiga e deixa o resto por nossa própria conta, certo que a desgraça será formada. É desta maldade que Jesus Cristo fala e abomina. Nem sempre ela aflora por causa do tentador, outrossim, é alimentada por nós mesmos, sendo praticada em formatos retumbantes ou carregada de sutilezas, notadamente quando maldizemos, invejamos, intrigamos, desejamos mal ou simplesmente sonegamos solidariedade ou ignoramos as necessidades do nosso próximo. Assim, nos tornamos injustos, invejosos, maldosos, perversos, impenitentes e míseros iníquos.
Guardar mágoas e ressentimentos contra nosso próximo é um mal comum à iniquidade. O propalado Shakespeare disse que “Guardar ressentimentos, é como tomarmos veneno e esperar que a outra pessoa morra.” Que o Senhor nos guarde! Que por seu amor eterno, intermediado pela ação saneadora do Espírito Santo e a graça remidora de Jesus Cristo, que morreu na cruz pelos nossos pecados, ressuscitando ao terceiro dia, nos garantindo vida eterna por crer e aceitá-lo como bastante salvador, sejamos livres das iniquidades e alcancemos o céu!
Leonece Barros é Teólogo Batista, Jornalista/Radialista, Bacharel em Direito, Especialista em Segurança Pública; Funcionário Público Estadual aposentado PC/ES
