As sanções morais estão tendo forte repercussão e a nossa esperança é que a guerra acabe o quanto antes e que haja uma força tarefa para reconstruir o que foi destruído
O presidente russo, Vladimir Putin, está atacando a Ucrânia. A guerra que, aos nossos olhos, parecia impossível de acontecer imediatamente após a pandemia está expondo ao mundo as fragilidades ainda existentes por falta de acordos de proteção mútua, mostrando que há armas com o potencial de destruir o planeta em minutos e pior, várias vezes. A ameaça de guerra nuclear nunca esteve tão perto.
Na primeira semana de conflito os números foram assombrosos: mais de 9 mil soldados russos mortos, mais de 1 milhão e meio de ucranianos abandonaram seu país, deixando para trás tudo o que possuíam afim de preservarem a vida. E a contagem dos mortos na Ucrânia não para de crescer.
O mais interessante, porém, é que Putin, o ditador que se faz de bom moço, tem mandado suas tropas e seu armamento para a Ucrânia que, mesmo despreparada, está enfrentando o inimigo ousadamente. Histórias de desistência de soldados russos, de tanques abandonados, de armas que não acertam os alvos proliferam no cenário da guerra. Milhares de cidadãos russos estão sendo presos por protestarem contra a ação tirânica de seu líder.
Sanções econômicas estão sendo adotadas por países de todas as partes do mundo, incluindo na lista os vizinhos da Rússia. As medidas visam atingir a economia russa e isolar o país, pressionando o Kremlin a parar com a ofensiva. Os Estados Unidos anunciaram uma medida pífia, sim pífia, pois disseram que vão parar de comprar combustível da Rússia, mas o país compra apenas 1,3% do que consome dos russos, então isso não altera nada.
Fala sério, Joe Biden! Apesar disso, os Estados Unidos e a maioria de seus aliados implementaram sanções econômicas sem precedentes contra o país que quer, a todo custo, a volta da antiga União Soviética, ao menos parte dela. A decisão de bloquear o Banco Central russo, congelando as reservas cambiais do país foi um belo e inesperado golpe, mas nem isso desanimou Putin que tem como fortes aliados os chineses. A Rússia não depende do dólar, mas sua moeda despencou 83% nos primeiros 13 dias de guerra.
Mas, há documentos que dizem que Putin pretende vencer a guerra, outros afirmam que ele não esperava a reação da Ucrânia. O certo é que o caos está instalado, basta ver os noticiários. O sistema monetário internacional não voltará a ser o mesmo e já se fala em uso único de moeda digital.
Além das centenas de sanções econômicas feitas à Rússia seu povo está sofrendo sanções morais. Os gatos russos não podem participar de concursos. Parece engraçado, mas é sério. Os bailarinos não podem mais se apresentar, pois todos os espetáculos foram cancelados, as redes sociais isolaram a Rússia, os cartões de crédito anunciaram que deixarão de funcionar (mais ou menos, mas tentaram). Os jogos de futebol contra a equipe da Rússia foram cancelados. Em todos os cenários possíveis atletas, indústrias e até iates russos foram retirados de cena.
Sanções morais são diferentes das econômicas, porque, se as financeiras impactam diretamente no bolso, as sanções morais mexem com o brio do povo e o povo russo é bom, não quer a guerra, mas, passivamente, foi deixando o ditador tomar conta por 22 anos do país e agora está difícil tirá-lo do poder. Milionários estão oferecendo recompensas por Putin vivo ou morto e isso também deve impactar e assustar o povo. Grandes cidades, em diversos países do mundo, também se manifestaram contra a guerra.
O que aprendemos até aqui é o que já sabíamos: unidos somos mais fortes e temos mais influência. Ditadura, mesmo as que parecem brandas, não podem ser permitidas. A democracia pode ser um regime falho, mas ainda é o melhor. As sanções fazem os pobres sofrerem mais do que sempre e, desta vez, até os ricos estão sentindo o impacto delas.
As sanções morais também estão tendo forte repercussão e a nossa esperança é que a guerra acabe o quanto antes e que haja uma força tarefa para reconstruir o que foi destruído. Guerra jamais será a melhor opção.
Priscila Aguiar Laranjeira – Professora, publicitária, escritora com 49 títulos publicados, Gerente Editorial da Editora Getsêmani em Belo Horizonte/MG