A forma fria da Lei pode nos levar à prisão e até à morte, mas somos salvos pela graça, superabundante graça
No dia 21 de abril o presidente da República Federativa do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, no exercício de seu mandato, concedeu ao deputado Daniel Silveira, condenado a 8 anos e 9 meses de prisão, indulto regulado com base no artigo 84 da Constituição Federal, que embora faça menção apenas ao termo indulto, compreende-se que o perdão concedido é a graça que é individual, pois é concedida somente a uma pessoa específica e é exclusividade do presidente do país.
As falas do deputado em um vídeo mostram uma extrema descortesia com os ministros do STF, entretanto, ele não poderia ter sido preso, pois os crimes de ameaça e contra a honra que alegam que ele cometeu estão abarcados pela imunidade que Silveira tem como parlamentar e que estão previstos no artigo 53.
O que nos chama a atenção no perdão concedido é o fato dele ser denominado graça, pois sabemos que a graça é um presente, algo imerecido. A graça é uma das palavras centrais do Novo Testamento, pois o nosso Deus é o Deus de Toda Graça. O Espírito Santo é o Espírito da graça e a graça do nosso amado Senhor Jesus Cristo nos alcançou, pois vieram por meio dele.
O Evangelho que aceitamos, vivemos e pregamos é chamado de Evangelho da Graça. O apóstolo Paulo inicia e termina suas cartas saudando e se despedindo com a graça; ele foi sustentado com a convicção de que a graça do Senhor era bastante, suficiente para supri-lo em toda e qualquer circunstância: “A minha graça te basta”.
A salvação, que nos proporciona a vida eterna, é um dom gratuito de Deus, ou seja, não é mérito nosso, vem pela graça de Deus através de seu filho Jesus. E, não menos importante, somos convidados a “crescer na graça e no conhecimento da Palavra de Deus…”. A graça é de graça!
Imagine a seguinte situação: você recebeu um cupom para retirar algo inteiramente grátis e, quando chega ao local para receber o seu presente, descobre que não existe a gratuidade prometida, pois você precisa fazer adesão ou adquirir algo para obter o que lhe foi oferecido como sem custo algum. Isso acontece em várias situações cotidianas, desde a abertura de contas, planos de telefonia celular, planos de saúde, empréstimos, entre outros, querem nos empurrar um pacote para obtermos um brinde e não o tão prometido presente. Brinde é sempre bem-vindo, mas não é o verdadeiro presente.
O amor de Deus cobre multidões de pecados e a graça nos redime de nossos erros. O delito cometido pelo deputado e que lhe custaria a liberdade pelo período estabelecido na sentença foi perdoado. O indulto da graça o alcançou. Nós fomos alcançados pela graça de Cristo Jesus, cuja obra na cruz do Calvário para a nossa redenção está completa: “Está consumado”!
A graça concedida ao deputado pode até torná-lo inelegível, uma vez que ainda há muitas controvérsias e não estão aceitando a mudança de percurso ocasionada pelo indulto, pois para aqueles que esperavam que o deputado já estivesse atrás das grades resta a frustração de expectativas; para os que diziam que o presidente da República abandona seus soldados há uma nova certeza: a graça pode alcançar os que dela necessitarem.
De tudo, no entanto, fica um grande aprendizado: suas palavras têm poder, têm repercussão, têm causa e efeito; podem abençoar e podem amaldiçoar, por isso, cuide bem de suas palavras. Da mesma boca podem sair o que edifica e o que destrói e nós queremos ser agentes da restauração, agentes da graça de Deus, então, meça as suas palavras, não por medo de censura e punições, mas pela firme convicção de que “é mais fácil pegar moscas com mel do que com vinagre” e que gentileza sempre cai bem.
O indulto concedido ao deputado pode ser questionado, mas está na Constituição, por isso, deve ser cumprido, senão, o povo, eu e você podemos desacreditar em nossa mais alta corte. A justiça pode até ser cega, pode até tardar, mas chega. A justiça humana é falha, imperfeita, mas nós servimos ao Senhor e Ele é perfeito!
A forma fria da Lei pode nos levar à prisão e até à morte, mas somos salvos pela graça, superabundante graça. Os ensinamentos de Jesus foram considerados difíceis por muitos de seus seguidores e eles questionavam quem podia aceitá-los. Jesus então, perguntou aos seus discípulos se eles queriam abandoná-lo, ao que Pedro respondeu: “Para onde iremos nós? Só o Senhor tem as palavras que dão vida eterna”!
Priscila Aguiar Laranjeira – Professora, publicitária, escritora com 49 títulos publicados, Gerente Editorial da Editora Getsêmani em Belo Horizonte/MG