Pelo menos 1 em cada 7 cristãos é perseguido no mundo de acordo com a Lista Mundial da Perseguição 2024, lançada pela Portas Abertas
A Missão Portas Abertas lançou a Lista Mundial da Perseguição (LMP) 2024, que elenca os 50 países mais hostis ao cristianismo. Este ano, o total de cristãos perseguidos no mundo foi para 365 milhões, também a permanência da Coreia do Norte na primeira posição da LMP 2024, a ascensão de 20 posições da Nicarágua.
A pesquisa para a produção da LMP deste ano abrange o período de 1º de outubro de 2022 a 30 de setembro de 2023. A LMP usa extensa pesquisa, dados de trabalhadores de campo da Portas Abertas, suas redes nacionais, especialistas externos e analistas de perseguição para quantificar e analisar a perseguição em todo o mundo. Cada edição é certificada pelo International Institute for Religious Freedom.
Até 2023, o número de seguidores de Jesus sob perseguição alta, severa ou extrema era de 360 milhões. A última pesquisa da Portas Abertas confirma que outros 5 milhões de cristãos sofrem perseguição hoje, de modo que um em cada sete cristãos no mundo é perseguido.
A perseguição extrema atinge 13 países, ao invés de 11, como na LMP 2023. Os países que passaram ao nível de perseguição extrema são Síria (12º) e Arábia Saudita (13º). Os outros países com perseguição extrema permaneceram os mesmos, apenas com alterações de posição no ranking:
Coreia do Norte
Somália
Líbia
Eritreia
Iêmen
Nigéria
Paquistão
Sudão
Irã
Afeganistão
Índia
Síria
Arábia Saudita
Detalhes da lista da Lista da perseguição aqui!
“O crescimento da violência, de guerras, fome e perseguição étnica e religiosa refletem pontualmente no trabalho da Portas Abertas, que utiliza das informações dos países em que atua para trabalhar e apoiar de forma efetiva ao cristão perseguido”, explica Marco Cruz, secretário-geral da Portas Abertas Brasil.
Destaques da LMP 2024
Coreia do Norte
A Coreia do Norte continua como o país mais perigoso para os cristãos, apesar da diminuição de relatos de violência. Muitos norte-coreanos foram repatriados da China e, provavelmente, enviados para prisões e campos de trabalho forçado.
Como muitos cristãos norte-coreanos fugiram para o país vizinho e outro conheceram a Cristo lá, é possível que haja seguidores de Jesus entre os deportados.
Índia
Os conflitos políticos entre as etnias meitei e kuki, em Manipur, na Índia, que iniciaram em maio de 2023, causaram a morte de 160 cristãos e o deslocamento de outros 60 mil seguidores de Jesus, aumentando o índice de violência. Em Madhya Pradesh e Chhattisgarh, 200 cristãos de 70 famílias foram expulsos de suas comunidades.
África Subsaariana
A desestabilização política e econômica em diversos países da África Subsaariana favorece a ação de grupos extremistas. Casas, negócios de cristãos e igrejas foram os principais alvos dos jihadistas.
A situação foi agravada em países onde aconteceram golpes militares e cristãos não tiveram liberdade de denunciar as violações de direitos humanos e compartilhar a fé em Jesus. O clima de falta de liberdade foi intensificado com a compra de tecnologia de vigilância e monitoramento e a presença de mercenários russos do grupo Wagner.
Estima-se que dos 34,5 milhões de deslocados na África Subsaariana, 16,2 milhões sejam cristãos. Eles lutam para sobreviver sem alimentação, moradia e cuidados básicos de higiene e saúde. Eles ficaram ainda mais desprotegidos diante dos ataques de extremistas islâmicos.
Mais de 14 mil igrejas na região foram atacadas ou fechadas entre 1 de outubro de 2022 e 30 de setembro de 2023. Esse dado é sete vezes maior do que na LMP 2023.
Oriente Médio
O terremoto que atingiu a Síria em fevereiro de 2023 contribuiu para que muitos cristãos, que já viviam em situação precária, se deslocassem ou deixassem o país. A destruição e a tomada de igrejas históricas pelo grupo extremista Hayʾat Taḥrīr al- Shām também causou a migração dos seguidores de Jesus.
Na Arábia Saudita, houve um aumento na violência contra os cristãos, apesar do aumento da liberdade de expressar a fé. Muitos compartilharam sobre Jesus publicamente e com suas famílias, mas correm o risco de serem assassinados por suas famílias e comunidade por deixarem o islã.
Igrejas fechadas na China e na Argélia
A China foi o país com o maior número de igrejas fechadas, com no mínimo 10 mil incidentes. Muitas delas eram conhecidas como domésticas (por não serem reconhecidas pelo governo), mas tinham milhares de membros. Na Argélia, apenas quatro das 46 igrejas afiliadas à Igreja Protestante da Argélia (EPA, da sigla em francês) estão abertas.
Liberdade de expressão se deteriora rapidamente na Nicarágua
O destaque na América Latina foi a Nicarágua, que subiu 20 posições na LMP 2024 e agora ocupa o 30º lugar. A hostilidade contra a igreja na Nicarágua deixou de ser indireta e agora pode ser notada por meio das restrições de liberdade religiosa, envolta em estruturas jurídicas feitas sob medida com esse propósito.
Os críticos da repressão à liberdade de expressão por parte do governo foram presos, assim como seus defensores.
Universidades e outras instituições ligadas à igreja tiveram seus registros cancelados e propriedades e meios de comunicação de cristãos foram confiscados. Líderes religiosos são acusados de espionagem; alguns tiveram a cidadania cancelada, além de serem forçados ao exílio. Celebrações cristãs em espaços públicos também foram proibidas.
O governo da Nicarágua até fechou sua embaixada em Roma, na Itália. O objetivo do governo não é simplesmente silenciar a voz dos cristãos, mas impedir sua credibilidade e a propagação de sua mensagem. No continente, segue a tendência de criar um governo de partido único, assim como Cuba.
Violência contra cristãos no mundo
*Informações de Portas Abertas