Segundo a Comissão Especial para a Liberdade de Crença e Religião da ONU, a repressão religiosa em Cuba intensificou-se após os protestos de 11 de julho de 2021
Cuba enfrenta acusações da ONU relacionadas à repressão religiosa, conforme revelado em uma carta pública nesta segunda-feira, 15.
A comissária especial para a liberdade de crença e religião da ONU, Nazila Ghanea, juntamente com outros especialistas, detalhou em novembro do ano passado os padrões de assédio, prisões arbitrárias e maus-tratos contra líderes e membros religiosos na ilha comunista.
O relatório da ONU foi uma resposta a um documento divulgado pela ONG Prisoners Defenders. Segundo a carta, cubanos interessados em criar organizações religiosas precisam obter autorização do Escritório de Atenção aos Assuntos Religiosos (OAAR).
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A ausência de uma lei regulamentadora permite que as autoridades ajam de maneira subjetiva e arbitrária, colocando as organizações religiosas sob a alçada do Partido Comunista.
A ONU destaca que a criação de novas organizações exige submissão às já existentes, todas dependentes do governo. Grupos independentes enfrentam repressão, incluindo assédio, detenções ilegais e ameaças de sanções judiciais.
A Associação de Iorubás Livres é citada como exemplo, enfrentando detenções frequentes de seus líderes, incluindo a atual presidente Donaida Pérez Paseiro, presa até 56 vezes em uma década. O vice-presidente dessa associação, Loreto Hernández García, foi condenado a sete anos de prisão e sujeito a agressões graves na prisão, incluindo ser jogado de uma escada.
Intensificação da repressão religiosa
A repressão religiosa intensificou-se após os protestos de 11 de julho de 2021, quando os cubanos se manifestaram contra a ditadura e, além das organizações mencionadas, membros de outras religiões enfrentam perseguição por não aceitarem ficar sob o guarda-chuva do Partido Comunista.
A Associação Cubana para a Divulgação do Islã e o Conselho de Igrejas e Pastores pela Paz estão entre as afetadas. As acusações contradizem a imagem de tolerância que o Partido Comunista de Cuba tenta projetar, especialmente diante das recepções favoráveis aos líderes Fidel e Raúl Castro por parte do papa Francisco em anos anteriores.