Diante de um cenário complexo na região, seguidores de Jesus também enfrentam pressão em todas as áreas da vida
O cenário da perseguição para cristãos no Oeste Africano é complexo. Diariamente eles enfrentam uma pressão que afeta todas as áreas da vida. Além disso resultar em marginalização e discriminação social, os cristãos também são assolados pela violência. Por conta dos ataques constantes em seus vilarejos precisam fugir.
As agressões, em sua maioria, vêm de grupos radicais islâmicos que não atendem pelo mesmo nome, mas geralmente são motivados pela mesma ideologia. Esses radicais muitas vezes abusam disso visando conquistar pessoas para sua causa e alimentar a desunião.
Além disso, desejam avançar a agenda expansionista islâmica. Tal violência resulta em cristãos mortos e feridos, ataques a casas e lojas de cristãos, sequestros, violência sexual, casamentos forçados, prisões sem julgamento e ataques a igrejas. Muitas vezes, isso resulta em aldeias cristãs inteiras fugindo em busca de um local para sobreviver.
Uma vida em Fuga
Fadi Zara é uma cristã que vive em Camarões. Em 2013, ela vivenciou pela primeira vez um ataque do grupo islâmico Boko Haram. “Eles mataram muitas pessoas e queimaram a igreja”, disse. Essa foi a primeira vez que os radicais deslocaram Fadi, mas não a última. Ela fugiu para outra vila, e novamente foi vítima do grupo – não apenas uma vez, mas quatro vezes.
Fadi vivenciou cinco ataques do Boko Haram e fugiu quatro vezes para vilas diferentes. A cristã passou alguns anos em uma das vila, mas sua vida foi como e outros milhares que tentam sobreviver na região da fronteira. Durante o dia, trabalhava dentro e ao redor de casa e nas plantações.
Mas, antes do pôr-do-sol, subia as montanhas próximas para passar a noite por medo de ataques do Boko Haram. Entretanto, viver dessa forma é insustentável. Por isso, após mais um ataque violento, Fadi e a família juntaram os poucos pertences e fugiram novamente, desta vez para a cidade de Koza.
Além das fugas, a violência do grupo deixou outra cicatriz no coração de Fadi: a irmã mais nova foi sequestrada em 2015.
“O nome dela é Vusa e tinha apenas 14 anos quando foi sequestrada. Ela foi para uma plantação com os amigos, mas não voltou com eles. Alguns dizem que ela foi morta, outros dizem que eles não matariam uma jovem como ela, apenas a casariam. Minha mãe ficou muito inquieta ao deixarmos a vila. Ela testemunhou muitos vizinhos serem mortos e, então, sequestram minha irmã. Ao ouvir a notícia, ela não conseguiu lidar com isso. Depois de duas semanas, ela morreu”, explica.
Fadi escapou dos diversos ataques com vida, mas não saiu ilesa. “Quando quero dormir, não consigo. Muitas coisas vêm à minha mente. Eu perdi meu pai, o Boko Haram sequestrou minha irmã e minha mãe também morreu. Eu sou a única que restou”, lamenta a jovem.
Ajuda de Portas Abertas
Em 2021, a Portas Abertas entregou ajuda emergencial para 449 famílias cristãs, como Fadi, em Koza, no extremo Norte de Camarões. Recebê-la foi um dos poucos momentos felizes para Fadi nesses dias, afinal faz muito tempo desde que ela e outros deslocados receberam ajuda.
“Quando não se está na sua própria vila, a vida pode ser muito difícil. Nós não temos onde plantar, então não temos o que comer. Estou surpresa por ter todas essas coisas em minha vida. Eu estou muito, muito feliz”. Fadi poderia pedir muitas coisas, mas ao invés disso, disse: “Eu preciso que Deus permaneça comigo em cada situação, para ter seu maravilhoso poder em minha vida e ver sua face até o fim dos dias”.
Assista o testemunho de Fadi
*Com informações de Portas Abertas