A leitura bíblica exige uma profunda observação, interpretação e aplicação, para que possamos nos aproximar do seu verdadeiro significado histórico e profético
“Eu li a última página da Bíblia. Tudo vai dar certo”, disse Billy Graham em certa ocasião ao externar sua confiança e convicção na Palavra de Deus.
A Bíblia é um livro respeitadíssimo. Alguns vão achar que tal afirmação é uma opinião pessoal, mas não é. Historicamente é comprovada a veracidade do processo de formação do cânone bíblico.
Esta semana fui surpreendido ao ler a seguinte manchete: “Igreja progressista diz que não considera a Bíblia como a Palavra de Deus”. Certa fala deste pastor durante a pregação relatava: “como cristãos progressistas estamos abertos às tensões e inconsistências da Bíblia”.
Entretanto, tal afirmação despreza o próprio contexto Bíblico. “Quando vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram entre dentes; não recorrerá um povo ao seu Deus? A favor dos vivos interrogar-se-ão os mortos? À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva.” (Isaías 8:19-20).
De acordo com o profeta Isaías existe apenas uma alternativa para o povo de Deus. Da mesma forma, o Apóstolo Paulo, em ato de coerência submeteu suas revelações aos “maiorais” em Gálatas 2:9.
Alguns acontecimentos históricos apresentam a força da Palavra de Deus. Em primeiro lugar o Sínodo de Jamnia, uma reunião de rabinos judeus, que reconheceu a ordem do Antigo Testamento. O próprio Jesus faz menção a sequência de livros estabelecidos, que permanecem até hoje.
“E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos.” (Lucas 24:44).
O processo de formação do cânone do Novo Testamento ocorreu no período pós-apostólico. O Bispo Atanásio, “Pai da Ortodoxia Cristã”, relacionou em uma de suas cartas os 27 livros. Posteriormente reconhecidos pelo Concílio de Hipona e de Cartago.
Antes de mais nada, observamos o reconhecimento do Apóstolo Pedro sobre os escritos de Paulo. Ao longo do texto ele assimila os escritos “igualmente as outras Escrituras”, validando a importância e relevância do texto paulino em (1Pe 3:16).
Bem como Pedro, o Apóstolo Paulo faz uma menção respeitosa à Palavra de Deus, e orienta de maneira clara e objetiva a “Igreja de Deus que está em Corinto” com a seguinte advertência: “a não ir além do que está escrito” (1Co 4:6).
O Apóstolo João também adverte. “Se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; do contrário, “Deus tirará a sua parte da árvore da vida e da Cidade Santa, que estão escritas neste livro”. (Ap 22:18-19).
O título do escritor e ex-pastor presbiteriano Caio Fábio “A Síndrome de Lúcifer”, trabalha a temática dos despretensiosos servos de Deus que se transformam em aliados do diabo.
Caio afirma que “lemos a Bíblia mais subjetiva que objetivamente” e “quem quer achar na Palavra de Deus justificativa para seus pecados, desejos e intenções, achará sempre”.
Em conclusão, a leitura bíblica exige uma profunda observação, interpretação e aplicação, para que possamos nos aproximar do seu verdadeiro significado histórico e profético. Assim como afirmou Billy Graham ao externar sua confiança e convicção na Palavra de Deus: “Eu li a última página da Bíblia. Tudo vai dar certo”.
C.C 3.331
Victor Rodrigues é teólogo, jornalista, capelão e estudante de psicanálise. Atuou como missionário no Uruguai e atualmente é colunista e empreendedor.