Pastores de duas cidades da Ucrânia contam como a igreja do país está resistindo e se transformando através da guerra
Já são mais de 20 dias de guerra na Ucrânia e os cristãos do país resistem. Apesar do conflito brutal em seu país, o pastor Victor Punin, que mora na capital Kiev, está orando com sua congregação com na esperança de que suas orações sejam respondidas.
“Hoje nós oramos às 12 horas com todas as denominações. Foi anunciado que toda a Ucrânia oraria junto, embora seja difícil se encontrar pessoalmente”, diz Victor. Ele chegou a fotografar uma bomba que caiu em frente à sua casa, mas não explodiu. Um milagre não ter atingindo as famílias.
“Encontramos muitas bombas que não explodem. Temos muitos testemunhos de pessoas sendo levadas para longe do perigo, pouco antes de um ataque. Além disso, muito animador, muitas pessoas no exército ucraniano estão pedindo oração”, relata.
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Se tem uma palavra que define as igrejas ucranianas é amadurecimento e hoje são mais missionárias e por isso tem enfrentado o conflito com fé e esperança. Para os pastores Keith Daniel, de Kryvyi Rih, e Victor Punin, muitas estão prontas para desempenhar um papel humanitário e espiritual crítico durante a crise atual decorrente dos conflitos.
“Nossa gente viajou por todo o país para ajudar. Eles fazem coisas diferentes: em Kiev eles estão ajudando pessoas em abrigos antiaéreos e pessoas que estão sozinhas em apartamentos – encorajando-as e trazendo comida, todo tipo de necessidade. Muitos estão ajudando os refugiados a atravessar a fronteira. O Senhor está derrubando essas barreiras, e é uma coisa linda”, diz Victor.
Mudança, união e orações
De acordo com os pastores, que concederam entrevistas à Portas Abertas da Ásia Central, além do amadurecimento, as igrejas da Ucrânia hoje estão mais unidas
“Havia desconfiança entre os pentecostais estabelecidos e as igrejas carismáticas recém-plantadas. No entanto, tudo isso mudou. O Senhor está quebrando essas barreiras denominacionais. Agora existe um respeito um pelo outro. Em nossa cidade, eles têm reuniões regulares, comem juntos e oram juntos”, disse Keith. “Todo cristão está orando com a mesma atitude”, complementa Victor.
Apesar do colapso no país por conta da guerra e muitos terem fugido, a união entre os membros das igrejas permanece. “A igreja, como administração, não está funcionando agora, mas como corpo relacional, ainda estamos. Todas as manhãs entramos em contato com todas as pessoas na igreja, perguntando onde estão, se estão seguras. Nós nos concentramos em servir uns aos outros e encorajar uns aos outros”, conta Victor.
E quem ficou na Ucrânia, como está se sentindo?
“Esse é outro milagre do meu lado”, responde Victor. “Há uma paz e tranquilidade das pessoas com quem estou em contato. Tenho visto tanta estabilidade nas pessoas da igreja e tanta disposição, apenas para fazer alguma coisa. Claro, você sempre terá aquelas pessoas que preferem salvar suas vidas primeiro. Mas fiquei surpreso com quantas pessoas estão prontas para realmente sacrificar algo pelos outros”, conta.
Para Keith, a igreja na Ucrânia passou por uma bela metamorfose desde quando ele pisou pela primeira vez no país, pouco antes da virada do milênio. “É uma igreja muito madura. Eles são auto-sustentáveis e auto-propagáveis. Acho que a igreja da Ucrânia poderia ensinar muitas coisas às nossas igrejas no ocidente”, conclui.
*Com informações de Portas Abertas