Eduardo Durães, 49 anos, é formado há 27 e trabalha em uma escola, mas diz que não recebe mais o salário em dia. Então ele resolveu ir para um semáforo pedir emprego
“Preciso de emprego”. Esta é a frase do cartaz que um jornalista usou para conseguir uma oportunidade de trabalho em Belo Horizonte (MG). Eduardo Durães, 49 anos, que é professor, formado há 27 anos, também graduação em Letras e mestrado concluído há seis anos, fez isso em semáforos da capital.
O cartaz que Eduardo usava dizia: “Sou jornalista, professor e tenho um mestrado. E também uma filha pra sustentar! Você pode me ajudar?”. Ele também distribuiu paçoca aos motoristas, que na maioria das vezes ficaram espantados ao saber que o doce era gratuito.
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Mestre em Estudos de Linguagem, ele viralizou no LinkedIn ao publicar sobre a ação. Eduardo contou que decidiu fazer o experimento pois estava cansado de enviar currículos e não receber respostas. O jornalista relatou a experiência no Linkedin.
“Fui dar visibilidade à minha luta: pedir um emprego de verdade, algo digno, um que pague um salário pelo trabalho que executo sempre com dedicação, empenho e esforço. Enviar currículo parece não resolver. Sequer respondem: ‘recebemos o documento’. Estar no LinkedIn, muito menos; ter Instagram, Facebook, tampouco”, relatou.
Frustração: outras experiências
O professor escreveu que teve contato com vendedores ambulantes, uma moça que vende seguros para carro e estuda veterinária, e um homem graduado em direito que vende bilhetes de loteria.
Disse ainda que, além de pedir emprego, a ação serviu para “medir a reação das pessoas, os olhares, possíveis demonstrações de empatia e solidariedade”. Alguns motoristas chegaram a oferecer dinheiro a ele, que recusou.
“Foi uma experiência rica a que tive. O ato de pedir é difícil: pressupõe despir-se de muitas coisas, talvez nossa soberba e vaidade. Mas, senti-me leve, bonito, até mais humano. Voltarei aos sinais em breve”, escreveu no LinkedIn.