Conheça o projeto missionário que faz a diferença na vida de jovens universitários em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul
A fé desenvolvida na universidade! Essa é a premissa básica de um projeto denominado Comunidade dos Estudantes Universitários (CEU), que ocorre em Campo Grande (MS), dentro da universidade federal. A iniciativa se dá na realidade dos jovens universitários. E que enfrentam os típicos desafios de quem vivencia a experiência de conciliar a religiosidade com as sugestões de um ambiente influenciado por uma visão secular.
Trata-se de um desafio de as igrejas serem relevantes às novas gerações. Uma das fundadoras do projeto, Isabelle Basualdo, atualmente é missionária transcultural em capacitação pela Adventist Frontier Missions. Isabelle, que é médica, já atuou também como coordenadora de atividades do Ministério Jovem no Mato Grosso do Sul em diferentes frentes há alguns anos.
Veja o que ela fala sobre esse projeto! Confira!
Como é o projeto desenvolvido na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul?
A Comunidade dos Estudantes Universitários (CEU) é um grupo de jovens adventistas que buscam, por meio da amizade e do discipulado, fortalecer a própria fé e convidar outros a conhecer nosso amado Jesus. A prioridade desse ministério é manter o foco no método de Cristo. É como diz Ellen White, no livro A Ciência do Bom Viver: “Unicamente o método de Cristo trará verdadeiro êxito no aproximar-se do povo. O Salvador misturava-Se com os homens como uma pessoa que lhes desejava o bem. Manifestava simpatia por eles, ministrava-lhes às necessidades e granjeava-lhes a confiança. Ordenava então: ‘Segue-Me.’”
Nós temos o propósito de envolver cada jovem adventista na missão dentro do ambiente universitário naturalmente hostil ao evangelho. Nosso objetivo é apresentar o amor de Deus, não apenas nossas doutrinas. As atividades que envolvemos servem aos nossos propósitos de sermos inclusivos e vivermos o discipulado. Cada adventista trabalha para discipular um não adventista, e esse relacionamento acontece espontaneamente com base na afinidade entre o Ministério Jovem e o não-adventista.
E como funciona isso de maneira prática?
Primeiramente nós nos envolvemos na vida de um amigo não adventista. Para nosso alvo, oferecemos a amizade e nosso tempo, e convidamos para os encontros semanais que acontecem ao ar livre no campus. Ali o jovem não adventista será acolhido e aceito. Após a primeira reunião, oramos e jejuamos uma vez ao mês por cada um de nossos amigos. E, então, convidamos a uma reunião de pequeno grupo na casa de algum de nossos integrantes. Nesse local, aprofundamos no estudo da Palavra de Deus. Em seguida, esse amigo se interessará pelo nosso modo de vida, e naturalmente começará a frequentar os lugares que frequentamos – incluindo a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Esse processo já demorou dias ou anos, e depende de cada indivíduo. O que conecta uma atividade a outra é o relacionamento que temos com os não adventistas.
O processo é simples, mas exige dedicação, pois o nosso diferencial não é a atratividade dos programas em si. Ou das atividades que realizamos, mas, sim, a disposição de suprir uma necessidade básica de todo ser humano, independentemente da sua cosmovisão: a de ser amado incondicionalmente.
Em nosso grupo temos vários não adventistas sendo discipulados, cuidados e amados. Todos sentem que podem expressar suas opiniões em cada encontro no campus, sem serem confrontados. Porém sabem que a Palavra de Deus, e somente a Bíblia, é nossa regra de fé e prática. Assim, eles permanecem caminhando conosco, pela amizade que desenvolvemos, em um discipulado individual e intencional. O objetivo é ser amigo de Jesus, e amigo do próximo.
Há quanto tempo o projeto é realizado e como tem sido a receptividade dos participantes?
O campus universitário torna tudo mais desafiador. Encontramos ali a pressão por notas, a competitividade entre alunos, as diferenças de credos, opiniões e tipos de educação. Nesse ambiente diverso, é exigido do jovem adventista o seu máximo de resiliência, e é um teste para sua fé.
Começamos a orar e jejuar por um projeto que nos envolvesse e nos fizesse servir a comunidade acadêmica na qual estávamos inseridos. Pesquisamos nosso público-alvo, e descobrimos seus interesses e demandas. Mas antes era necessário reafirmar a identidade e a fé dos adventistas, pois em um ambiente hostil ao evangelho, a primeira tendência é tornar a fé privativa e não a compartilhar. Percebemos, por experiência prática, que envolver um jovem adventista na missão de salvar alguém é o único meio de fortalecer a sua fé.
Em agosto de 2016, começamos com 3 líderes: Jean Silva do Vale, acadêmico de farmácia, eu, acadêmica de medicina, e Luís Felipe Abdo, acadêmico de Engenharia Elétrica. Nossos encontros acontecem desde 2016 na Concha Acústica da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, às 11h30, semanalmente. Com as restrições da pandemia, passamos a nos encontrar virtualmente, com menos encontros presenciais. De três líderes, passamos a ser 20 adventistas que discipulam cada um, pelo menos um outro não-adventista.
Poderia citar alguns exemplos de cases de sucesso?
É interessante ver os relatos, por exemplo, de algumas pessoas adventistas. ‘A CEU é uma resposta de Deus às minhas orações. Sempre pensei que servir a Deus era ir apenas aos cultos, ler a lição da escola sabatina todas as manhãs e orar algumas vezes com o coração e outras de forma automática. E o sentimento de que algo faltava permanecia em mim. Mas Ele, em sua infinita misericórdia, me mostrou que há algo além. Nesses dois últimos anos em que faço parte desta comunidade, dia após dia, Jesus me salva de mim mesma. Com essa família preciosa, aprendi mais do amor de Deus e como experimentá-lo’. (Caroline da Costa Barbosa Andrade, 22, acadêmica de medicina).
Qual é o tipo de conexão deste trabalho que vocês fazem com o estudo da Bíblia e com a prática religiosa?
Procuramos atender as demandas emocionais e espirituais de nosso público-alvo, trazendo assuntos da palavra de Deus que são relevantes para o universitário. Após um espaço de diálogo em que eles podem falar sobre suas crenças individuais, usamos a Bíblia como palavra final para qualquer temática que levantamos em nossos encontros. Falamos de fé, arqueologia e ciência, ensinos de Jesus, crença em Deus, entre outros temas.
Quais os desafios atuais e quais as perspectivas para os próximos anos? Como o projeto pretende se manter relevante?
O grande desafio de qualquer projeto de comunidade é manter a discipulado. É fazer cada adventista entender que a missão que Jesus deixou não é fazer programas, ou simplesmente manter um pequeno grupo ativo. A missão é cuidar do outro, é levá-lo até Jesus por meio de uma amizade sincera e intencional. O encontro semanal da comunidade existe para congraçamento de um discipulado que já ocorre durante a semana. Pretendemos nos manter relevantes com esforço individual. A salvação não acontece em grupo, por isso precisamos trabalhar individualmente no coração de cada jovem não-adventista. Servindo e atendendo as necessidades de cada um não-adventista.
*Com informações de Notícias Adventistas