As críticas ao governo tem feito com que líderes religiosos sejam cada vez mais perseguidos, pressionados e até presos pelo regime em Cuba
Em Cuba, a falha do regime e a piora nas condições de vida têm gerado ondas de críticas da sociedade. Apesar das ações de intimidação do regime, os cubanos têm permanecido firmes ao pedir – cada vez mais – respeito a suas liberdades básicas e uma mudança radical no modelo atual de governo.
Onde os cidadãos não se alinham aos interesses do governo, o resultado é uma repressão ainda maior das autoridades e seus apoiadores. Isso tem feito com que líderes de igrejas também façam críticas cada vez mais abertamente.
Por um lado, a defesa dos mais vulneráveis e as atividades conjuntas entre diversas denominações fortalecem a unidade e o respeito nas comunidades. Por outro lado, tem feito a igreja um constante alvo de hostilidade e controle por parte do governo cubano.
Restrições à liberdade religiosa
As atividades das igrejas consideradas “amigas do governo” são aceitas, enquanto não interferirem nos interesses do regime quanto ao controle dos cidadãos. Qualquer igreja que não aceita a premissa comunista que dirige a vida no país é reprimida severamente.
O principal motivo para serem feitas de alvo é ao tentarem denunciar as violações feitas contra elas. Além disso, o governo, por meio de políticas públicas e propostas legislativas, mostra sinais de apoio a ideologias que contradizem valores cristãos.
Por conta das restrições à liberdade religiosa, muitas vezes cristãos são forçados a agir contra suas crenças não apenas para evitar ser alvo do regime, mas também para ter acesso a serviços básicos.
Quanto a isso, a crise causada pela covid-19 foi uma oportunidade conveniente para o regime aumentar os níveis de repressão contra cristãos que, por causa da fé que professam, não estão aliados aos interesses do governo e o contradizem abertamente.
Perseguição aos cristãos
Desde 1959, Cuba é governada pelo Partido Comunista, que busca controlar a igreja de acordo com a ideologia comunista. O governo reage duramente contra vozes opositoras e manifestantes, então, quando líderes de igrejas criticam o regime, enfrentam prisão, fechamento de igrejas ou negócios e assédio do governo e de seus simpatizantes.
De acordo com pastor, líder de uma igreja cubana, a falta de registro faz com que cristãos se encontrem clandestinamente. “Nós nos encontramos na garagem da minha casa e em casas em bairros diferentes porque até hoje não temos um prédio e nem mesmo a possibilidade de registrar legalmente nossa igreja.”, explica.
O que mudou este ano?
A perseguição em Cuba continua piorando. Em 2021, o país estava fora do Top50 da Lista Mundial da Perseguição, ficando em 51º, e no ano anterior em 61º. Na Lista Mundial da Perseguição 2022, o país configura em 37º lugar, um aumento de 13 posições em relação ao ano passado.
O contínuo aumento é resultado de medidas altamente restritivas contra igrejas consideradas oponentes ao regime — principalmente as igrejas protestantes não registradas.
A crise da COVID-19 tem sido usada como pretexto para impedir atividades comunitárias e da igreja, monitorar líderes de igrejas, fazer prisões arbitrárias, confiscar propriedade privada e impor taxas de extorsão. Líderes cristãos de diferentes denominações estão entre os presos durante manifestações contra o governo ocorridas em julho de 2021.
*Com informações de Portas Abertas