Como cristãos devemos ser firmes e corajosos, lutando para que a mulher seja respeitada em todas as geografias, culturas, etnias e contextos
Há quem sustente que o Dia Internacional da Mulher nasceu como uma homenagem a 129 mulheres que teriam morrido queimadas pela força policial numa fábrica têxtil Cotton, em Nova York, EUA, em 1857. Elas ousaram reivindicar a redução da jornada de trabalho e o direito à licença-maternidade. No entanto, também há quem afirme que tudo começou em 1910, na Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, realizada em Copenhague, na Dinamarca. Também tem os que afirmam ter surgido em 1917, na Russia, quando 90 mil mulheres fizeram uma grande manifestação por melhores condições de trabalho e de vida.
É fato que a ONU instituiu 8 de Março como Dia Internacional da Mulher em 1975, mas qual destas teses de origem prospera numa análise histórica ou se nenhuma delas, é assunto que merece pesquisa mais acurada.
Sem querer acirrar o debate histórico e, longe de desejar diminuir as lutas legítimas e esforços dignos de reconhecimento em prol da valorização da mulher na sociedade em todo o mundo, lembro que o verdadeiro evento que guindou a mulher a uma posição de honra e dignidade absolutas, e que por si só deveria ter sido suficiente para que nunca a humanidade desse espaço para qualquer pensamento ou atitude de diminuição, discriminação, violência, tolhimento, desvalorização, abuso ou desrespeito para com a mulher em qualquer época, geografia, cultura ou contexto; bem como ainda hoje creio que sua lembrança, seu entendimento e consideração, deveriam ser suficientes para inibir, frear, descontinuar e extirpar da experiência humana todos este crimes absurdos que são cometidos contra a mulher.
Refiro-me à escolha de uma mulher para, sem qualquer participação ou sequer apoio de um homem, ser o canal pelo qual Deus trouxe à história humana: Seu filho Jesus Cristo, o Salvador do mundo.
Anjos foram enviados tantas vezes. Homens foram usados em incontáveis ocasiões. Mas no momento mais importante e extraordinário da história universal, na hora mais estratégica e emblemática da relação de Deus com o ser humano, no momento definidor da Sua divina revelação e demonstrador do Seu amor pelo ser humano, Deus escolheu usar uma mulher!
Nada supera este ato de Deus em termos de valorização da mulher. Ao revelar-se diretamente a Maria para anunciar o que decidiu fazer através dela, Deus está corrigindo distorções medonhas criadas pela religião e pelas sociedades. Estava reposicionando a mulher no cenário histórico global, movendo-a de uma condição subalterna, subserviente e humilhante, para o patamar de bem-aventurada, para a posição de mãe do filho de Deus encarnado, para a missão de protagonista do nascimento de uma nova era na história da humanidade.
Durante milênios inferiorizada e triste, coisificada e infeliz, agora a mulher pôde confessar, numa cartarse abençoada, como finalmente logrou sentir-se: “Minha alma engrandece ao Senhor e meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador”.
Desde então, todo dia deve ser dia de auto-policiamento, de constante vigilância, de luta irrefreável, de atitude contundente, de indignação e ação imediatas perante qualquer pensamento ou atitude que machuque, diminua ou sequer ameace a mulher que foi honrada por Deus em Cristo Jesus. Como cristãos devemos ser firmes e corajosos, lutando para que a mulher seja respeitada em todas as geografias, culturas, etnias e contextos.
Neste sentido, é muito oportuno termos um dia no ano para mostrarmos ao mundo que o que Deus fez o homem não pode desfazer. É precisamente assim que, com muito amor, respeito e alegria, desejamos às mulheres da nossa vida, em particular, do mundo todo: Feliz Dia Internacional da Mulher!
Lécio Dornas é teólogo, educador, autor e pastor da Igreja da Família em Orlando, Flórida – EUA.