Milton Ribeiro, que é pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil pediu demissão do cargo de ministro de educação após suposto favorecimento de pastores na distribuição de verbas do ministério
Pressionado por evangélicos para deixar o cargo desde semana passada após o suposto favorecimento de pastores na distribuição de verbas do ministério da educação, o ministro Milton Ribeiro pediu demissão do cargo hoje, 28. Sua saída foi publicada em edição extraordinária do Diário Oficial da União.
Ele entregou pedido de exoneração ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Neste final de semana, uma carta de afastamento de Milton foi redigida por um aliado de Bolsonaro e de pastores evangélicos. Hoje, foi assinada por Ribeiro e divulgada nas redes sociais.
Milton deve ser substituído por Victor Godoy, secretário-executivo do MEC, que até hoje era o número dois na pasta e atuava como braço-direito do ministro. Auxiliares do presidente afirmaram que inicialmente foi estudada a possibilidade de Ribeiro se licenciar do cargo, mas foi decidido pela exoneração.
“Achei correta a atitude dele para não desgastar o governo com essa enxurrada de denúncias”, disse o pastor Adilson Silva. Em carta publicada no instagram, Milton nega irregularidades e diz que não se despede do ministério.
“Direi um até breve, pois depois de demonstrada minha inocência estarei de volta, para ajudar meu país e o presidente Bolsonaro na sua difícil mas vitoriosa caminhada”, afirma o texto.
“Boto minha cara no fogo”
Uns dias antes, o presidente Bolsonaro se manifestou sobre a polêmica envolvendo o agora ex-ministro durante uma transmissão ao vivo no Palácio da Alvorada. Na ocasião ele afirmou: “Eu boto minha cara no fogo pelo Milton. Estão fazendo uma covardia com ele”, declarou.
Na ocasião, Bolsonaro também alegou que Milton não escondeu nada porque divulgou uma agenda com as reuniões que teve com os pastores – todos ministros são obrigados por lei a divulgar agenda oficial.
“Alguns falam que ele tinha 19 agendas. Se ele estivesse armando, não teria botado uma agenda oficial aberta ao público. É muito simples. Quando o cara quer armar, ele vai pelado à piscina, vai num fim de mundo, numa praia, vai pro meio do mato. É assim que ele age, ele não bota na agenda ali o nome do corruptor, não bota”, argumentou o presidente.
Carta aos brasileiros
“Desde o dia 21 de março minha vida sofreu uma grande transformação. A partir de notícias veiculadas na mídia foram levantadas suspeitas acerca da conduta de pessoas que possuíam proximidade com o Ministro da Educação.
Tenho plena convicção que jamais realizei um único ato de gestão na minha pasta que não fosse pautado pela correção, pela probidade e pelo compromisso com o erário. As suspeitas de que uma pessoa, próxima a mim, poderia estar cometendo atos irregulares devem ser investigadas com profundidade.
Eu mesmo, quando tive conhecimento de denúncia acerca desta pessoa, em agosto de 2021, encaminhei expediente a CGU para que a Controladoria pudesse apurar a situação narrada em duas denúncias recebidas em meu gabinete. Mais recentemente, em _, solicitei a CGU que audite as liberações de recursos de obras do FNDE, para que não haja duvida sobre a lisura dos processos conduzidos bem como da ausência de poder decisório do ministro neste tipo de atividade.
Tenho três pilares que me guiam: Minha honra, minha família e meu país. Além disso tenho todo respeito e gratidão ao Presidente Bolsonaro, que me deu a oportunidade de ser Ministro da Educação do Brasil.
Assim sendo, e levando-se em consideração os aspectos já citados, decidi solicitar ao Presidente Bolsonaro a minha exoneração do cargo, com a finalidade de que não paire nenhuma incerteza sobre a minha conduta e a do Governo Federal, que vem transformando este país por meio do compromisso firme da luta contra a corrupção.
Não quero deixar uma objeção sequer quanto ao meu comportamento, que sempre se baseou em pilares inquebrantáveis de honra, família e pátria. Meu afastamento do cargo de Ministro, a partir da minha exoneração, visa também deixar claro que quero, mais que ninguém, uma investigação completa e longe de qualquer dúvida acerca de tentativas deste Ministro de Estado de interferir nas investigações.
Tomo esta iniciativa com o coração partido, de um inocente que quer mostrar a todo o custo a verdade das coisas, porém que sabe que a verdade requer tempo. Sei de minha responsabilidade política, que muito se difere da jurídica. Meu afastamento é única e exclusivamente decorrente de minha responsabilidade política, que exige de mim um senso de país maior que quaisquer sentimentos pessoais.
Assim sendo, não me despedirei, direi um até breve, pois depois de demonstrada minha inocência estarei de volta, para ajudar meu país e o Presidente Bolsonaro na sua difícil mas vitoriosa caminhada. Brasil acima de tudo!!! Deus acima de todos!”