Se não houver essa tribulação, não estamos bem! É sinal que há cauterização dos critérios que nos conduzem à santificação
Impressiona-me muito ler na carta que o apóstolo Paulo escreveu aos Romanos o trecho no qual ele diz: “Eu não entendo o que faço, pois não faço o que gostaria de fazer. Pelo contrário, faço justamente aquilo que odeio. Se faço o que não quero, isso prova que reconheço que a lei diz o que é certo. Isso mostra que, de fato, já não sou eu quem faz isso, mas o pecado que vive em mim é que faz. Pois eu sei que aquilo que é bom não vive em mim, isto é, na minha natureza humana. Por que, mesmo tendo dentro de mim a vontade de fazer o bem, eu não consigo fazê-lo. Pois não faço o bem que quero, mas justamente o mal que não quero fazer é que eu faço.
Assim eu sei o que acontece comigo; é isto: quando quero fazer o que é bom, só consigo fazer o que é mau. Dentro de mim eu sei que gosto da lei de Deus. Mas vejo uma lei diferente agindo naquilo que faço, uma lei que luta contra aquela que a minha mente aprova. Ela me torna prisioneiro da lei do pecado que age no meu corpo. Como sou infeliz! Quem me livrará desse corpo que me leva para a morte? (Rom. 7:15-24).
Temos que estranhar quando um bom cristão que não passe por esse infortúnio, ou que não se abata diante dessa agrura. O apóstolo Paulo está falando sobre a luta renhida que entabulamos diariamente entre a carne e o espírito. Não fosse a nossa expectativa e certeza de alcançarmos a longânime e misericordiosa graça a nós dispensada por Deus, por intermédio de Jesus Cristo, certamente que além de muitas vezes combalidos, sucumbiríamos no propósito de perseguir e prosseguir na caminhada rumo à vida eterna. Felizmente nosso mestre nos adverte sobre esse assunto e nos aconselha o seguinte: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mat. 26:41)
Miseráveis seres que somos. Nas versões bíblicas não transcritas em linguagem atual, o apóstolo Paulo diz: “miserável homem que sou” ou então: “desafortunado homem que sou”. Enganamo-nos, em sendo cristãos, pensarmos que tais circunstâncias não nos acometem. Se não formos invariavelmente invadidos por esses incômodos comichões que nos corroem o estômago, descompassam os batimentos cardíacos e aceleram a respiração, não está ocorrendo em nós as naturais incompatibilidades entre a carne e o espírito. Se não houver essa tribulação, não estamos bem! É sinal que há cauterização dos critérios que nos conduzem à santificação. Sem ela não veremos Deus, posto estar escrito: “Siga a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá a Deus.”(Heb. 12:14).
Conhecendo a vida cristã e o ministério apostólico de Paulo, impossível não ter profunda e incontestável admiração por ele. Fico impressionado com a humildade dele reconhecendo-se imperfeito, desafortunado ou miserável ser humano; que embora cristão, não desconhece que é um pecador. No mesmo compasso, encanta-me sua segurança, confiança e certeza alicerçadas na graça remidora de Jesus Cristo.
Apesar dos lamentos naquele trecho da carta aos Romanos – onde se considera miserável – ao fim ele pergunta, “Quem me livrará desse corpo que me leva para a morte?”, e fecha o assunto, com sublime convicção de solução do caso, quando diz: “Que Deus seja louvado, pois ele fará isso por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rom. 7:25ª –BLA). Mais ainda: na segunda carta ao jovem pastor Timóteo, ele diz assim: “…Pois sei em quem tenho crido e estou certo que ele é poderoso para guardar, até aquele dia, aquilo que ele me confiou” (2 Tm. 12b). Confiemos. Deus nos abençoe! Fiquem seguros!
Leonece Barros é Teólogo Batista, Jornalista/Radialista, Bacharel em Direito, Especialista em Segurança Pública; Funcionário Público Estadual aposentado PC/ES