Não há caminho para salvação que não passe pela cruz. O místico e aquele que não quer reconhecer isso engana a si mesmo e não recebe o poder de Deus
“Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos.” (Atos 4.12). Hoje muitas pessoas procuram a cura no “misticismo”. Misticismo – dito resumidamente – é a busca de cura ou salvação fora da cruz e ressurreição de Jesus Cristo no sentido bíblico.
Ao procurar um contato direto com “deus”, o sentido do ser, o Tao, a história, o espírito absoluto, o poder do subconsciente etc. busca-se redenção, perfeição, conhecimento, salvação, cura etc. Basicamente, o misticismo sempre é, mesmo quando se fala num poder extraterrestre, o caminho de baixo para cima, a autopromoção da pessoa para um patamar mais elevado.
Mesmo que esse patamar existencial seja chamado de “deus”, está claro que não se trata do Deus pessoal da Bíblia, que se revela e com quem se pode falar. O companheiro da unio mystica [unidade mística] é, muito antes, “o fundamento do ser”, “um não-ser dominante”, “um nada sem nome” (Mestre Eckhart), “o ser sem origem, sem forma, sem nome e oculto de Deus” (Johann Tauler), “o eterno nada”, “o ninguém criador, chamado de deus” (Henrique Suso), entre outros.
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Os místicos, ao falarem como cristãos, relacionam Deus com “amor”, o que está absolutamente correto de acordo com 1João 4.16. No entanto, eles roubam de Deus a sua vida, quando o consideram como amor, e apenas amor; quando transformam Deus e o amor num princípio e não levam a sério a severidade do juízo de Deus, o qual é mencionado através de toda a Bíblia (ver especialmente Mateus 25.31-46; João 5.28-30; Apocalipse 20.11-15). Mas Deus castiga e julga justamente porque ele é amor. Se Deus não julgasse, ele seria injusto, e a injustiça seria sinônimo da maior de falta de amor.
Em todo caso, Deus possui, por si mesmo, a liberdade de não nos castigar, e a razão disso é que alguém mais – Jesus Cristo, o Filho de Deus – sofreu o castigo em nosso lugar. Esse é o livre amor de Deus (não um desejo humano projetado e transformado em princípio), o qual concede perdão àqueles que creem nele. Jesus diz: “Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não será condenado…” (João 5.24). Deus é a viva realidade que deve ser seriamente considerada. A salvação é conseguida unicamente por meio de seu Filho Jesus Cristo. Não há outro caminho para o céu.
O apóstolo Paulo escreveu: “Os judeus pedem sinais milagrosos, e os gregos procuram sabedoria; nós, porém, pregamos Cristo crucificado, o qual, de fato, é escândalo para os judeus e loucura para os gentios” (1Coríntios 1.22-23). Em todas as épocas, a mensagem da cruz é um escândalo porque a morte de Jesus na cruz expressa a total perdição das pessoas.
“Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus” (1Coríntios 1.18). A salvação, a cura e a paz com Deus encontram-se unicamente pela fé no milagre da salvação consumada na cruz e não pela autopromoção do homem à condição de deus. O milagre da salvação é a ferida de Jesus. Não há caminho para salvação que não passe pela cruz. O místico e aquele que não quer reconhecer isso engana a si mesmo e não recebe o poder de Deus: a dádiva do perdão e da vida eterna que Deus nos concedeu por meio de seu Filho Jesus Cristo. “Pois ele é a nossa paz…” (Efésios 2.14). Permita que Deus lhe dê esse presente!
*Por Lothar Gassmann/ Extraído de Chamada meia noite