Mas foi por um triz que não…
Já faz uns anos que parei minha Blazer ao sinal vermelho, na BR-262, em Jardim América, Cariacica, acesso à Segunda Ponte. O motorista da Sprinter, na terceira pista, fez sinal. Baixei o vidro pronto para lhe dar qualquer informação, mas ele vociferou: “dirija direito, seu macaco!”
Meu temperamento sanguíneo e insubmisso reagiu de pronto à agressão verbal. Com preocupante frieza e dissimulada calma, respondi assim ao agressor: cidadão, a senhora sua mãe vai bem, não vai? Recomendações a ela, por gentileza! Ele puxou o freio de mão e armado com um porrete veio em minha direção. Ele não precisaria do acessório: tinha quase dois metros. Era um jamanta!
Já quase próximo da Blazer e por certo pensando: “vou moer esse “macaco” de pancadas!”; estranhamente calmo e sereno peguei a pistola calibre 40 – que estava guarnecida abaixo da coxa direita, como era de costume; e com toda visibilidade a coloquei sobre o painel da Blazer. O cidadão deu uma parada tão brusca no seu avanço em minha direção que quase caiu! Fez rápida meia volta e correu para a Sprinter. O sinal abriu naquele instante. Ele acelerou fundo em direção ao seu destino, que naquele episódio, incluía São Torquato, via ponte do Camelo. Lembrei-me de Salomão advertindo: “Há caminhos que parecem certos, mas podem acabar levando à morte” (Prov. 14:12).
Fui um péssimo exemplo de Cristão. Lembrei Salomão naquilo e não na advertência que faz em Provérbios 15:1: “A resposta branda acalma o furor, mas a palavra dura aumenta a raiva”. Apesar da prepotência do camarada, não me custava pedir desculpa pelo que tivesse feito na direção da Blazer, deixando-o tão irritado ao ponto de me abordar de forma desrespeitosa e agravante. O admirável Apóstolo Pedro sempre me aconselhou assim: “Não pague(m) mal com mal, nem ofensa com ofensa. Pelo contrário, pague(m) ofensa com uma bênção, porque, quando Deus o(s) chamou, ele prometeu dar uma bênção a você(s.”).(1 Pe. 3:9 –BLA)
Preciso confessar: tinha acentuada dificuldade em aceitar o conselho de Jesus Cristo em Mateus 5:39; “Mas eu lhes digo: não se vinguem dos que fazem mal a vocês. Se alguém lhe der um tapa na cara, vire o outro lado para ele bater também.” Não sou proibido de agir em legítima defesa da vida ou integridade física; mas tenho o dever de evitar conflitos. Por que não encontrar a melhor forma de amenizar situações? Qual o problema em deixar por menos? Importa que nos questionemos: como sendo bons cristãos, templos do Espírito Santo, discípulos de Jesus Cristo, conseguimos nos envolver em confusões, ao ponto de ter que dar a cara aos tapas?
Escrevendo aos Romanos o apóstolo Paulo, aconselhou: “Não paguem a ninguém o mal com o mal. Procurem agir de tal maneira que vocês recebam a aprovação dos outros. No que depender de vocês, façam todo o possível para viver em paz com todas as pessoas.”(Rm 12:17-18).
Importante lembrar que Deus não nos abandona. Salomão assegura que “O Senhor Deus vê o que acontece em toda parte; ele está observando todos; tanto os bons como os maus.” (Prov. 15:3) Que o Senhor nos permita, pela ação do Espírito Santo, sermos mansos e humildes de coração e possamos viver bem. Amém! Fiquem seguros!
Leonece Barros é Teólogo Batista, Jornalista/Radialista, Bacharel em Direito, Especialista em Segurança Pública; Funcionário Público Estadual aposentado PC/ES