Presidente Roch Kabore foi detido em acampamento militar durante motim. País está na posição 32 da Lista Mundial da Perseguição 2022
O presidente de Burkina Faso, Roch Kabore, foi detido neste domingo, 23, por militares na capital Ouagadougou. Há relatos de que houve tiroteios próximo ao palácio presidencial, e em vários quarteis da capital.
Segundo um diplomata da África Ocidental e fontes de segurança, o presidente está detido em um campo militar no quartel de Sangoule Lamizana. A informação do local foi confirmada à agência francesa AFP por militares.
A insatisfação dos militares e da população, se dá na maneira pela qual o governo combate o avanço de grupos terroristas no país.
No poder desde 2015 com a promessa de tornar prioridade a luta contra os extremistas, Kabore vinha sendo cada vez mais criticado pela população, farta da violência jihadista e de sua incapacidade de enfrentá-la. Os militares estão exigindo mais apoio na luta contra os militantes islâmicos que atuam no país, e que não para de crescer.
Ainda ontem o governo negou a possibilidade de um golpe militar em andamento, e não fez nenhuma declaração sobre o paradeiro do líder. A revolta segue uma série de ataques mortais contra os militares que lutam contra extremistas ligados a grupos como Estado Islâmico e Al Qaeda.
Um porta-voz dos militares disse aos jornalistas que elesexigem recursos apropriados para combater os jihadistas e também a renúncia do exército e chefes de inteligência, além de melhorias na qualidade de vida para soldados feridos e suas famílias.?
Por enquanto as coisas parecem estar calmas, no entanto sabemos de eventos passados que elementos criminosos e grupos militantes usam essas situações para atingir civis e igrejas.
Perseguição a cristãos
Segundo a pesquisa que gerou a Lista Mundial da Perseguição 2022, que classifica os 50 países em que os cristãos são mais perseguidos, a perseguição aos cristãos em Burkina Faso piorou um pouco no último ano.
Isso tem muito a ver com um aumento nos relatos de incidentes de violência, o que reflete o crescimento da influência de grupos extremistas islâmicos no país. O país ocupa o 32º lugar na Lista.
Há um ano, mais de 500 mil pessoas, a maioria cristã, se deslocava de suas casas, vagando pelo país a procura de segurança e apoio da comunidade internacional, diante de constantes ataques jihadistas.
Violência generalizada
A violência causou o fechamento de 2 mil escolas e mais de 750 mil pessoas abandonaram as casas em busca de uma segurança mínima. O fato causou uma crise humanitária em um dos países mais pobres do mundo.
Burkina Faso está localizado em uma região onde grupos islâmicos têm uma enorme e crescente influência. O governo central é muito fraco, principalmente no Leste do país, onde a lei islâmica é implementada informalmente por grupos que ganharam o controle sobre a região.
Os cristãos ex-muçulmanos enfrentam a maior perseguição. Membros da família e da comunidade muitas vezes os rejeitam e tentam forçá-los a renunciar à fé cristã. Muitos têm medo de expressar a fé em público por causa de tais ameaças.
*Com informações de Portas Abertas e agências de notícias