Deus sempre será o nosso socorro presente na angústia. Crer a agir conforme aconselhado, é um extraordinário antídoto
Embora eu não seja dessa geração acometida de forma avassaladora pelas síndromes do pânico e principalmente da ansiedade, também vivo ansioso por me tornar um psicólogo. Penso que perdi um valioso tempo na vida por não ter buscado essa qualificação. Sinto que poderia hoje ajudar a muita gente que ao meu redor anda sofrendo com essa mísera doença.
Certa madrugada, fui de táxi levar uma cunhada à Associação dos Ferroviários, em São Torquato-Vila Velha, para um atendimento médico. De lá resolvi voltar caminhando para o Parque Moscoso. Quando naquela noite escura caminhava na via de pedestres das Cinco Pontes, de repente fui acometido por um pensamento aterrorizante: e se uma daquelas tabuletas quebrasse sob meu peso?! A ponte estava tendo ferrugens, o que impediria algumas delas estarem apodrecidas? Caramba, eu ia cair no mar! Ninguém por perto a quem recorrer. Agarrei-me frenético ao parapeito e comecei a suar frio.
Buscando uma saída honrosa, pensei: calma Leonece, se você cair, você sabe nadar. Imaginei voltar na passarela – que já tinha sido caminhada até ao meio – ao menos as tábuas já pisadas não quebrariam sob meu peso. Nesse imbróglio, acabei entendendo que estava sendo invadido por uma síndrome do pânico. Por último, confesso, foi que lembrei-me de Deus e roguei proteção.
Decidi que não poderia pular para o piso da ponte, como deu vontade, porque acabaria sendo vencido pelo medo. Acreditem: respirei fundo, e ainda que com alguma dificuldade, caminhei até ao fim da passarela. Quando terminei a travessia, estava suado como quem tinha tomado chuva. No final da tarde do mesmo dia, eu voltei ao local, e resolvi fazer de novo o mesmo trajeto, atravessando a ponte para o lado de Vila Velha e de volta para dentro da Ilha de Vitória, desta vez sem crises. Já fiz outras vezes o mesmo trajeto sem problemas.
Gostei de uma frase que não tinha grafado o nome do autor, na qual li o seguinte: “As crises de ansiedade ocorrem por excesso de futuro; as de depressão, por excesso de passado.” Faltou me dizerem porque um negrão destemido como eu, de repente, e do nada, viveu aquele episódio de pânico!
Houve uma época em que não tínhamos caixas rápidos, nem os cartões, nem os celulares, nem as redes sociais, nem o pix, nem o WhatsApp. Passávamos horas na fila do banco para receber o salário; era custoso chegar ao local de trabalho no ônibus superlotado, porque não tinha homeoffice; nosso tempo era escasso, não havia espaço para as crises; as que existiam, acabavam sendo atropeladas pela nossa intensa atividade, na corrida contra o tempo. Não era tão fácil como hoje, nem tão difícil como agora. Sim, havia registros, mas não tão intensos como então.
Como ando ansioso por me tornar um psicólogo – andei averiguando se a Universidade Federal do Espírito Santo – Ufes, me aceita para um novo curso, sem ter que me submeter a tantos exames, posto que já tenho curso superior e sou idoso. Até que tudo isso aconteça, busco socorro no conselho que o Apóstolo Paulo deu aos Filipenses no capítulo 4, versículos 5 e 6 que dizem: “5- Não andeis ansiosos de coisa alguma, em tudo, porém, sejam conhecidas diante de Deus as vossas petições, pela oração e pela súplica, e não se esquecendo de serem gratos pelas suas respostas. 6- E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus”.
Deus sempre será o nosso socorro presente na angústia. Crer a agir conforme aconselhado, é um extraordinário antídoto. Não tenho dúvidas! FIQUEM SEGUROS!
Leonece Barros é Teólogo Batista, Jornalista/Radialista, Bacharel em Direito, Especialista em Segurança Pública; Funcionário Público Estadual aposentado PC/ES