Deus não quer nos ver sofrer por feridas e traumas em nossa alma. Ele tem prazer em nos curar e restaurar e nos tornar mais livres para o adorarmos com todo nosso potencial, leveza e paz!
Quando medito na vida de José, não posso deixar de imaginar o trauma que ele sofreu. José cresceu num ambiente onde, provavelmente, durante toda a infância, seus irmãos o desprezaram, o separaram e o zombaram. Sempre o invejaram por causa do amor diferenciado de seu pai. Por fim o venderam como escravo, separando-o do seu lar.
José era um servo autentico de Deus. Mas isso não impediu de levar marcas profundas dentro de si. Notamos isto na história. Não há relatos dele falando sobre sua família ou tentando voltar para seu pai e irmãos. Ele ficou em silêncio, com sua ferida, por mais de 20 anos.
No reencontro com seus irmãos, José demorou para liberar o perdão. Ele não se revelou. Chorou escondido. Criou uma artimanha para que trouxessem Benjamim, o irmão mais novo, ordenando, como governador, que os irmãos o buscassem.
A Bíblia não fala, mas o percurso de viagem entre Canaã e o Egito era de cerca de 30 dias. Entre a ida e a volta de seus irmãos com Benjamim, somado ao tempo até que os mantimentos da família de Jacó acabassem novamente, passou-se um tempo de meses.
E foi exatamente neste tempo o início da cura das feridas de José. Durante este período, ele teve que relembrar toda a dor e encarar o planejamento de receber novamente seus irmãos. Foi um longo tempo para reviver várias vezes todo o trauma e dor que lhe fora causado.
Quando por fim houve o reencontro, José, ainda hesitante, ressignificou sua dor e entregou seu perdão. Foi um momento de catarse. Muito choro e externalização de toda a tristeza carregada durante sua vida.
Mas depois de tudo isso, ele foi restaurado com a alegria de rever, reconciliar e reunir toda a família. Observe como foi a cura. Foi preciso um tempo para relembrar, reviver e ressignificar tudo. Um processo de tempo e enfrentamento da dor. Foi assim que Deus tratou (cuidou, curou) o coração de José.
Deus não quer nos ver sofrer por feridas e traumas em nossa alma. Ele tem prazer em nos curar e restaurar e nos tornar mais livres para o adorarmos com todo nosso potencial, leveza e paz!
Relembrar, reviver e ressignificar, assim como aconteceu com José, faz parte de um processo de cura! Podemos sim, ser curados e restaurados de marcas e dores deixados em nós ao longo da vida! Pode até ser um processo longo e dolorido, mas vale a pena! Deus abençoe você!
Elaine Pio é psicanalista, orientadora de pais, Gestora de pessoas e psicóloga em formação, especialista em Psicanálise infantil e adolescente e tratamento de depressão e ansiedade, Graduação em Pedagogia Cristã, Ciências Contábeis e pós graduação em gestão de pessoas