Doações chegam a todo momento em carros, ônibus e caminhões. Voluntários se juntam para limpar e levar donativos às vítimas
As ruas de Petrópolis ainda são cenário da destruição causada pela força da água que derrubou encostas, aumentou o nível de rios e invadiu casas e lojas. Por toda a parte da cidade há voluntários que levam água, comida e itens de higiene para pontos de apoio montados em diversas partes da cidade.
As doações chegam em carros particulares, caminhões, ônibus, vans e caminhonetes, que circulam pela cidade em busca de abrigos ou pontos de distribuição de cestas básicas. São carros de órgãos públicos, associações privadas, igrejas e organizações não governamentais, que contam com a ajuda dos moradores para descarregar donativos.
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A presidente da Associação de Moradores da Comunidade 24 de Maio, Odete da Silva, 65 anos, começou a divulgar itens para doações e a a quantidade que chegou foi tão grande que foi preciso organizar um ponto de apoio.
“A creche me cedeu duas salas, e aí foi crescendo. Graças a Deus, estamos aqui com um núcleo maravilhoso, montado por mim e a minha comunidade. Nossas doações estão sendo destinadas para os moradores da Rua Nova, Rua 24 de Maio e Rua Primeiro de Maio. Mas se alguma outra comunidade estiver precisando, venha aqui”, conta ela.
Voluntários da Central Única das Favelas (Cufa) organizaram um cordão humano para que um passasse os mantimentos para o seguinte, transportando dezenas de quilos de doações morro acima.
“Eu perdi tudo, mas a gente não pode ser um ser humano egoísta. Tô aqui ajudando firme e forte a quem precisa”, disse Mônica Cristina, 49 anos, que está desempregada e abrigada na casa de uma tia com os quatro filhos. A família dela fugiu cinco minutos antes de um deslizamento que soterrou sua casa.
Limpeza
No ponto mais crítico da via onde Carlos trabalha, equipes de salvamento ainda buscam desaparecidos em meio a casas soterradas e muita lama. Já nas partes em que foi possível ao menos isolar a lama em parte da calçada, comerciantes começam a chegar para avaliar os estragos e limpar a sujeira. É o caso de Marco Cesar da Silva, de 52 anos.
Dono de uma loja no centro comercial, ele conta que já tinha encerrado o expediente e trabalhava com atividades internas quando ouviu muita gritaria na rua. “Foi assustador. Quando olhei pela janela, estava tudo tomado de lama”, lembra ele, que perdeu peças que estavam na vitrine quando a lama entrou na galeria. Apesar disso, ele conta aliviado que os danos em sua loja param por aí.
Mesmo assim, Marco não crê que será possível abrir a loja nas próximas duas semanas. “É um processo lento, acredito que só em março, quando limpar tudo. Para voltar à vida, vai demorar pelo menos uns 15 dias para pensar em abrir a loja. Ainda tem muito lixo”, conta ele.
Com mais dificuldades para as lojas, Iris Brito, que é gerente de uma loja de produtos de beleza, teme pelos trabalhadores que, como ela, dependem dos empregos, e faz um apelo.
“Tem que ter o socorro para os empresários manterem as lojas abertas e as pessoas continuarem trabalhando. Só aqui são dez empregados. Se [a loja] fechar, são dez pessoas na rua”.
*Com informações de Agência Brasil